Lembro-me de que havia uma
Rua com duas esquinas.
Onde havia duas outras esquinas e ruas,
Mas havia uma outra rua paralela,
Com duas esquinas, muita gente,
Muita casa, mas só me interessava uma menina.
Tinha quatorze anos e, nesses tempos,
Os sonhos juvenis são coisas pueris,
E os jovens como vivem febris.
Sei que um dia, ela me viu,
E eu vi que ela me via,
E mais ainda, vi o que o seu olhar dizia.
Um dia, assim meio sem jeito,
Tentei uma aproximação.
O que lhe fez rir minha ação.
Eu, tonto de desejo,
Nada via, escutava ou percebia.
Só a queria e também o seu beijo.
Ah! Que tolo desejo,
Pois se não fora a ingenuidade dos
Quatorze anos e dos outros vindouros,
Não me teriam visitado tantos desdouros.
Sei que se vão quatorze anos,
Somados aos outros quatorze.
E antes não fosse a rua ter duas esquinas,
Antes eu não houvesse sonha com aquela menina.
Do livro: Assuntos de Versos
Que beleza, Marcos! Bem você! Lembra uma música de Tavito, Rua Ramalhete (acho)!
Valeu, memórias da adolescência. Um abraço